Pode haver muita coisa que nos faz “bons escritores”:
Talento?
Uma boa mão para descrever coisas?
Uma “escrita… poética”?
O teu pai é editor da Relógio de Água?!
Não dar ERROOOOS orTogRÁFicos (não consigo).
Eu prefiro contar com aquilo que controlo.
O que eu controlo?
o que eu leio. O quanto eu leio.
As horas que dedico à escrita.
Ou seja, o input.
E enquanto escrevo, tentar melhorar. Implementar feedback.
Não precisas de ser brilhante para escrever um bom romance.
Precisas de ser consistente.
Mas como?
Ser consistente em áreas criativas é difícil, porque os escritores cresceram num ambiente que lhes disse que “só escreves quando tiveres inspiração” e então, tem uma desculpa.
Um desafio que podes tentar se queres ser consistente em 2024 é o desafio de 52 contos que o escritor Ray Bradbury apresentou em LA:
1. ler um conto, um ensaio e o poema por dia
2. escrever um conto todas as semanas
Eu tentei em 2022. Falhei perdidamente.
Eu tentei em 2023. O ano ainda não acabou, mas fiquei-me pelos 30 contos. Tentei escrever coisas longas e pesadas… enquanto escrevia outros livros…
Ainda não disse a ninguém, mas vou tentar novamente em 2024.
O que podem fazer é comprometerem-se com 300 palavras por semana.
Como fez o Nuno.
O autor Nuno Gonçalves, autor de O pacto” também prometeu-se a 52 histórias em 2023:
No final de 2022 senti um esmorecimento na inspiração e vontade de escrever.
Possivelmente, foi apenas um vale, naquilo que são os picos e vales da nossa motivação. Ainda assim, aproveitando a boleia das outras resoluções de ano novo, decidi impor-me um desafio para o ano seguinte: escrever uma história por semana.
Não planeei mais nada. Nem temas, nem número de palavras.
Claro que comecei cheio de ideias, imaginando que ia escrever dois ou três por semana e programar as publicações com antecedência, mas rapidamente perdi velocidade, abrandei e cheguei mesmo a perder uma ou outra semana.
Agora, próximo do final do ano, levo três contos de atraso.
Conto terminar 2023 com as 52 histórias escritas.
Se forem lê-las, verão que o terror predomina e, mesmo as que não se encaixam no género, evitam os finais felizes.
E o que aprendi com o processo?
Aprendi que se nos forçarmos a ter ideias, elas acabam por surgir.
Umas boas, outras nem por isso.
Aprendi que de pequenos contos, podem nascer grandes histórias e espero adaptar algumas destas a formatos mais longos.
Aprendi que a falta de estrutura me permitiu falhar.
Numa próxima, impor-me-ei prazos e castigos dolorosos. Acima de tudo, funcionaram como mais uma ida ao ginásio, mais uns quilómetros percorridos. E para 2024? Não sei. Aceitam-se sugestões.
O que eu sugiro? 100. Claro. Número re-don-dos.
Quando somos escritores, loucura está na ordem do dia.
O meu preferido, por agora, é este e este.
O que sugeria, com a permissão do Nuno, é que peguem nas primeiras frases dos contos que o autor tem no instagram, e escrevam alguma coisa a partir daí.
Força.
Vou comçar um desafio em 2024: 500 palavras todas as manhãs. O que é suficiente para escrever 50 contos por ano.