Publicar com a Chiado Books? 3 coisas que precisas de saber antes de publicar o teu livro:
3 erros que eu cometi ao tentar publicar o meu Thriller, e o que te posso ensinar sobre o mercado editorial português
Tens um livro que queres publicar? Queres vê-lo nas estantes, no bookstagram? Na lista de Best Sellers?
Não publiques com uma editora vanity.
Em 2018, eu estava na tua pele. Tinha acabado o meu segundo livro, e queria mergulhar numa nova aventura, a publicação! Queria o meu livro nas livrarias. Queria aplausos pelo meu esforço.
O meu sonho começava com um dia de sol de setembro, na feira do livro, euma fila de leitores à espera de um autografo. À espera de conhecer a adolescente que insistia em assassinar as suas personagens mais amadas (kill your darlings, right?).
Eu precisava de um livro editado e revisto (são coisas diferentes), e certificado pelos beta readers daquele genero
Eu precisava de uma editora que publicasse policiais de autores portuguses
Eu precisava de uma campanha de marketing eficaz em chegar aos leitores (para realmente vender alguma coisa, e ter algum impacto)
Se isto és tu, deixa-me ajudar-te:
PRIMEIRO,
Antes de publicar, precisas de um livro limpo.
Um livro limpo significa que o livro já foi revisto por vários leitores beta (além dos teus amigos, convinha ser pessoas que lêem o teu género e que não têm medo de ser honestas contigo).
Limpo significa que foi revisto por um profissional. Um profissional. Alguém que o faz para ganhar o seu pão.
Mas preciso de mandar editar o livro antes de contactar as editoras? Sim, precisas. Não é esse o trabalho delas? É, mas ninguém gosta de ler um trabalho empilhado em erros ortográficos. Por isso, (pelo menos os primeiros capítulos), manda rever.
Limpo significa limpo. Depois de pensares que tens na mão um bom manuscrito, deixa-o na gaveta por três meses, vai ler alguma coisa de qualidade, e depois volta com uma caneta vermelha e paciência, envia a mais betas, e depois sim, lá estará limpo.
SEGUNDO,
Pesquisa - pesquisa significa horas numa livraria:
Quem é que publica o teu género; Quem publicou os livros que estão em destaque;Quem publica autores portugueses contemporâneos; Quem tem um bom formating, e boa paginação.
Não te preocupes. Essa lista não é extensa. Não te preocupes, o facto da lista não ser extensa não é assim tão preocupante - significa que NÃO VALE A PENA PERDER TEMPO COM OUTROS QUE NÃO SERVEM PARA O QUE TU QUERES PARA TI MESMA!
Enquanto em modo de pesquisa pelos emails das editoras, procura também prémios literários
Os prémios literários são uma grande chance para mostrares o teu trabalho, e serão um “selo de qualidade” quando finalmente estiveres a escrever o fatídico email.
Depois de enviares a tua obra, esperas. Esperas por 6 meses, se ninguém te responder, voltas a rever o livro.
Com esses 3 ou 4 emails que tens, vais escrever um pequeno email a dizer que tens um livro parecido com X do catalogo deles. Vais escrever duas ou três frases sobre ti mesmo, e anexar os primeiros capítulos da obra, um resumo do livro em 2 páginas, e uma pequena sinopse 200 a 300 palavras, estilo contra capa.
Esperas. Provavelmente não te vão responder.
Se não responderem, não desesperes. Escreve outra coisa. Seis meses depois dos emails, reescreve o livro. Repensa as tuas personagens. De certeza que algo poderá ser melhorado. O meu conselho pessoal são os prémios literários. Vai forçar-te a olhar para o teu livro com outros olhos para que o livro caiba no número de palavras pedidas.
Não sou especialista na ideia d’ “email” - o que escrever no email para as editoras.
Mas mesmo assim, nesse departamento, fica abaixo alguns dos melhores recursos:
Mesmo assim, fica com esta ideia: não é o email que importa. É só o embrulho. Não vale a pena embrulhar um livro que não está pronto. Também não vale a pena fazer um bom embrulho para alguém que não o mereçe.
Melhores Recursos:
O podcast (e instagram) da Celia Loureiro. Ela conversa com vários autores tradicionalmente publicados, que falam um pouco sobre o processo.
A página de envio de originais da relógio d’água. Eles insultam os novos escritores, mas é para o nosso bem.
Para a escrita do email, o livro The Third Door.
Para um insight geral sobre o mercado tradional de livros, o livro da Rita Canas Mendes (que é na verdade leitura obrigatória)
Paciência
TERCEIRO,
Precisas de uma editora que te dê uma capa que não te faça vomitar, e que deixe os teus livros à porta de uma livraria, e não à porta de tua casa.
É por isso que NEM A CHIADO EDITORA, NEM A CORDEL, são boas opções para os verdadeiros escritores. Porque não querem saber onde acabam os teus livros.
Depois de acabares de rever o teu livro, e quando estiver verdadeiramente limpo, tens que pensar no teu livro como um produto. Como qualquer outro produto, tens que saber vende-lo.
Mesmo que sejas acolhido por uma editora tradicional, dois meses depois da data de publicação, o teu livro vai sair do destaque e vai para as estantes. Só se perguntarem por ti, pelo teu nome ou pelo nome do livro, é que te vão tirar da estante para as mãos dos leitores (1, se te encontrarem na estante… e 2, se ainda tiverem um exemplar na loja, o que é raro).
Assim, precisas de saber escrever, para que o miolo do teu livro tenha qualquer interesse, e precisas de saber vender, para que alguém pegue no livro, e chegue ao miolo.
Mas ninguém respondeu ao meu email?
Infelizmente, é mais comum do que pensas.
Se quiseres um SIM! envia à Chiado, ou à Cordel. Se quiseres que alguém leia, persiste.
Porque é que não vale a pena mandar para estas editoras? Porque não são editoras, não trabalham a pensar no leitor, mas no escritor. O aspirante a escritor é o consumidor final. Isso não é sinal de vitalidade, ou qualidade.
Mandei o meu livro à Chiado em 2019. Disseram que sim.
Foi o primeiro sim que recebi por email. Chorei nesse dia. Pensava que o meu sonho estava realizado, mas depois de ir às livrarias e não ver nenhum livro deles, pensei melhor e coloquei o livro na gaveta. Foi a melhor decisão da minha carreira.
Ia ser um erro enorme publicar o livro com eles. Eu não estava pronta, o livro não estava pronto, e a ia manchar o meu nome.
Se estiveres farta que te digam que não.
Quando que é que uma editora Vanity é boa ideia?
Quando quiseres os teus livros para mostrar à família e amigos. Fazer uma pequena festa. Falar sobre a tua arte com pessoas que te conhecem.
Aí, vale a pena.
Se quiseres publicar para o resto da tua vida, e ter algum impacto…. Se quiseres ter algum tipo de reputação no mercado, ou conquistar espaço nas estantes das livrarias e bibliotecas, então, ou escolhes o meio da edição tradicional, ou a autopublicação.
Melhores recursos:
Edição tradicional: Em geral, Alexa Donne, em portugal, A célia Loureiro novamente.
Autopublicação, Abbie emmons, em portugal, Leonor Ferrão.
Há histórias de horror com vanities. Não as deixeis roubar o teu sonho.
Boa sorte.
Olá! Começo a identificar-me muito com este texto, uma vez que "quem não sabe é como quem não vê".
Assinei contrato com a Cordel e neste momento estou a caminhar para um ano de contrato e nada está feito. Como costumo dizer o que mais me chateia, é que deia a papinha toda feita! Revisão feita, ilustrações.... Tudo, era quase só pôr em livro. E continuo à espera.
Estou a pensar seriamente em processar. O problema é que no contrato não há referência a esta questão temporal. O que significa que se quiserem podem passar 2 anos a editar um livro 😏🫣