Em 1866, por causa das dívidas do jogo, assinou um contrato editorial completamente louco, no qual prometia entregar um romance publicável ( cerca de 60 000 palavras = um “romance” pequeno) numa questão das semanas, caso contrário, cederia os direitos de toda a sua obra durante nove anos, sem compensação. Dostoiévski escreveu o Jogador.
“Manual de sobrevivência de um escritor” de João Tordo.
A vida dos escritores pode ser rotineira, aborrecida, ou completamente louca.
A produção criativa é uma coisa fantástica, quando corre bem, mas uma coisa louca quando corre mal, quando as palavras não saem.
Muitos dos iniciantes nesta vida de escritor pensam que: escreve-se quando inspirado, e quando não estás inspirado, descansas. E mesmo assim, em pouco tempo e sem grande trabalho, o livro aparecerá, como uma encomenda inesperada.
E pronto. Quando te sentes inspirado novamente, voltas a escrever.
Pois, a vida de escritor não é assim.
Estabelece prazos na tua escrita. Metas um pouco fora da tua zona de conforto.
Mas depois de alcançares cada meta, descansa.
O descanso é a parte mais importante. É o recarregar de baterias que te permite escrever mais, quando voltares.
Mas volta. Escreve o mais que puderes. Pára. Lê outros livros.
Vai ver uma peça de teatro ou uma exposição. Vai a um museu que sempre quiseste visitar….
Isto parece somente fluff, mas o que quero dizer é sério.
Cria uma rotina de escrita. Uma meta fora da tua zona de conforto.
Cumpre. Escreve. Escreve como se o mundo fosse acabar.
Descansa. Envolve-te noutro tipo de arte. Vive um bocadinho.
Estabelece uma nova meta.
Este é o meu método para evitar algo pior.
Por exemplo,
O segundo rascunho do meu livro está feito. Ficou com as previstas 120 mil palavras - nesta versão do word tem 530 páginas!
Vou pegar-lhe novamente dia 16 de setembro.
Cada vez mais o tempo passa, mais eu acho que o livro não vale nada e que tenho que mudar mais coisas. E que toda a gente vai odiar o livro.
São fases. Daqui a uns dias vou achar que o livro está perfeito. E que não precisa de ser editado. Faz parte de criar. As ondas emocionais são naturais: mas não podem controlar o que tu fazes.
Mas depois de acabar o livro (e tal como o livro merece), deixei-o repousar um pouco.
Se o fosse editar já, não ia ter a distancia necessária para ver os erros básicos que tem. E não digo erros de ortografia - esses eu já não tento remendar - falo de erros de personagens ou enredo ou coisas repetidas.
Por isso, quando acabares o teu projeto atual, celebra.
Descansa.
E lança uma nova meta.
Não desistas da escrita. Faz com que o processo de escrever seja a própria recompensa.