Em janeiro publiquei 7 mil palavras sobre como enviei o meu romance histórico às editoras e consegui um contrato de edição… podes ler aqui.
Mas hoje recordei-me de uma outra lição que aprendi e não inclui no documento:
Não sejas paciente
Se queres ser escritor já ouviste muitas vezes que “tens de ser paciente”.
Já ouviste isto?
“tens de ser paciente”
“tens de enviar o teu livro às editoras e esperar.”
Quando era mais nova (ainda hoje, lol) odiava a ideia de ser paciente. Que seca ter de me sentar e esperar de pernas cruzadas que alguém me desse atenção, ou que fosse a minha vez…
A verdade é que, como escritores, ouvimos isto muitas vezes.
“Sê paciente”.
Parece binário:
Ou és paciente, e esperas até que alguém publique o teu livro, ou desistes e o teu livro nunca será publicado.
Eu acho isto uma grande mentira.
Primeiro, ser paciente não significa “senta-te, cala-te e fica sossegado.”
Paciência significa: Capacidade de tolerar contrariedades, dissabores, infelicidades ou incómodos com calma ou resignação.
Não significa que tens de estar quieto, sem sossegado.
Para mim ser paciente ao enviar o meu livro às editoras significa que, envio o email, e enquanto espero uma resposta, não queimei o livro e não desisti de escrever. Ser paciente ao enviar o livro à editora significa que não aceitei o contrato que a Chiado Editora me deu entretanto.
Mas não significa que espero sentada pelo sim da editora.
Ser paciente como escritora, para mim, significa que trabalho todos os dias para escrever melhor.
Num vídeo glorioso, Issa Rae, escritora e atriz, comenta que nesta indústria é preciso ser paciente e insistente. Só paciente não chega. Nunca chega
Sabes o que é que pessoas ocupadas fazem a pessoas pacientes? Ignoram-nas.
Enquanto espero, o que posso eu fazer?
Insistir, como comenta Issa Rae.
Bater em 100 portas. Fazer barulho.
(ser paciente seria bater numa porta e esperar sentado, calado).
Enquanto decidem sobre publicar o teu livro ou não:
podes começar a falar sobre o livro nas redes sociais
podes aprender mais sobre marketing digital
podes planear novos livros
podes editar um livro que tens na gaveta.
Podes procurar mais leitores beta para o teu projeto mais recente.
Podes fazer um curso de escrita criativa.
Podes, e deves, começar uma newsletter.
Enquanto esperas por uma resposta da editora podes literalmente escrever um primeiro rascunho de um novo livro!!
Faz barulho!
Não sejas paciente!
Outra coisa importante é a persistência.
Para ter sucesso na escrita precisas de meia década de trabalho diário.
E para trabalhares meia década sem veres quaisquer frutos, precisas de ter a certeza que o trabalho valerá a pena.
Se eu te prometesse que, se me desses 3 horas do teu dia durante 5 anos, tu estarias no top da Wook quando o tempo acabasse… se calhar davas-me essas 3 horas por dia.
O problema é que o sucesso na escrita não é garantido.
Eu aprendi que o sucesso na escrita só não é garantido se tu não acreditares.
Isto parece ridiculo, mas:
se tu acreditares, escreves todos os dias.
se tu escreves todos os dias, procuras feedback.
se procuras feedback, a tua escrita melhora.
se a tua escrita melhora, o sucesso é uma questão de tempo.
Mas se desconfias que o teu tempo está a ser mal gasto… nunca vais melhorar o suficiente para chegar a algum lado.
Por isso, acredita primeiro - mesmo que não haja provas - e salta. Escreve.
Vemos-mos do outro lado,
Maria
Minha querida, estou nesta carruagem. Então a 1 ano tentei o envio à primeira editora e fui rejeitada, na segunda editora pelos vistos também. Mas enquanto esperava, comecei a escrever e desenvolver o meu primeiro projeto de ficção. E continuei a viajar (escrevo sobre viagens) e a escrever sobre essas viagens = mais capítulos para futuros livros. No dia a dia, continuo a escrever no meu diário (os textos mais relevantes, Às vezes publico aqui), e continuo com as minhas leituras. E agora em janeiro, por causa duma formação e do teu último post aqui na newsletter, estou a ganhar coragem de submeter o meu 2º livro à terceira editora...
Tens a atitude certa!
É assim memos, enquanto esperamos por uma resposta há muito que podemos fazer. O importante é não deixar que o silêncio do outro lado nos deite abaixo, porque esse acontece muitas vezes. E para combater isso um outro foco é importante.