Fui rejeitada 48 vezes pelas editoras tradicionais, o que aprendi?
Sim, 48 vezes.
Foram 10 vezes pelo meu primeiro policial - não era bom o suficiente, de loooonge.
Foram mais 10 vezes pelo meu segundo policial - também não era um bom livro. Estava a aprender a escrever.
Aprendi a rever um livro, a reescrever. Aprendi a contratar freelancers para rever o meu livro. Apredi a escrever contos. Valeu a pena ter sido rejeitada.
1 vez foi caótica - fui rejeitada por um livro infantil que escrevi e editei numa tarde. Não estava à espera de nada, mas uma das editoras enviou-me um email a explicar o que achavam do livro infantil, e o que faltava. Depois de algum tempo e espaço desse projeto, concordo plenamente com o feedback dado.
Foram mais 27 vezes no meu romance histórico.
Desta vez, eu sabia o que estava a fazer:
fiz um curso com a editora da Leya de “como enviar o livro às editoras?”
revi o livro 8 ou 9 vezes com ajuda profissional e paga.
já tinha tido bom feedback de 2 pessoas do mercado editorial que leram os dois primeiros capítulos e gostaram
Então, o que aconteceu?
instalei um email tracker - assim consigo ver quem abriu o email e a que horas.
Aprendi que os editores lêem todos os emails que recebem. Sim, leram aquele email apressado e mal escrito que tu mandaste.
Por isso o email importa ainda mais do que eu achava.
Provavelmente abriram o resumo do meu livro - o que é assustador porque eu sei que podia estar melhor.
enviei o email para o email profissional do editor E enviei para o email onde eles recebem os manuscritos. O email está no linked in. E eles abriram o email muito rápido.
Enviei uma carta de apresentação longa (uma página word) que explica o género do livro e explica bem para quem é o livro, qual é o público alvo, e como vou chegar ao meu público alvo.
Enviei a carta de apresentação a várias pessoas na editora. Sei que só uma delas seria responsável pela decisão de publicar ou não, mas quando não sabes quem é essa pessoa, pode valer a pena enviar para 4 ou 5 pessoas. (5 pessoas da editora x 5 editoras = 25 pessoas. 1 delas é capaz de te responder e explicar o porquê do teu livro não ser o escolhido. mais vale fazer isto e a assistente editorial colocar o teu email no lixo do que nem sequer ser lido).
Anexei - em maiorparte dos emails - o resumo da obra (2 páginas com todo o enredo) e os primeiros 3 capítulos (6 mil palavras, mais ou menos).
Então?
Com 28 emails enviados, tive 2 reuniões e 3 editores enviaram-me um email a explicar o que achavam do livro.
O que na minha opinião foi muito positivo.
Uma das reuniões que tive foi com a Rita Fonseca da Guerra e Paz. Depois da reunião, e de ler o meu livro, foi este o email que ela me enviou:
O editor, do outro lado do computador, vai ler o teu email.
Tinha tempo para responder, mas escolhe não o fazer - tu não és famoso, não mereces esse tipo de respeito.
(uma das grandes mentiras do mundo editoral português é que os editores não têm tempo. isso não é verdade. Se recebecem um livro do Marcelo, iam responder ao email, por isso têm tempo).
E do outro lado do computador, o editor pergunta-se 2 coisas: consigo vender este livro? O que me vai custar vender esse livro?
E traduzindo o email da editora, o que a Rita disse foi:
terás de ser tu, Maria, a vender o teu livro porque não temos esse tipo de leitores.
tu não tens uma audiência fiel para comprar o teu livro
como não tens leitores, e nós também não, não vamos publicar o teu livro.
O que é verdade e uma decisão acertada do ponto financeiro.
Antes deste email, a Rita convidou-me para uma reunião.
Nessa reunião, ela explicou-me como é que o mercado funciona - nada de novo - e que, dos 15 mil livros publicados em Portugal por ano, apenas mil vendem mais de 1000 cópias.
Ok.
E explicou-me que eu teria de me esforçar a nível da minha personal brand. O que também é verdade.
O outro editor que me respondeu à candidatura explicou que o meu livro não se encaixava no que ele publicava. Tudo bem, entendo.
O meu livro não se encaixa perfeitamente no género de “romance histórico” que vende em Portugal.
Convém que o teu livro se encaixe num género específico.
Podes querer escrever alguma coisa fora da caixa, mas os editores - maior parte - procuram uma coisa segura.
Já pensaste em autopublicar? Tem muitas vantagens.
Então, o que aprendi com 48 rejeições em 4 anos?
envia o email para o email pessoal/profissional do editor + outro pessoal da editora
o email tracker vale a pena
revê muito bem a tua carta da apresentação. Sim, revê do verbo rever.
o teu livro tem de se encaixar perfeitamente dentro de um género comercial que tenha boa venda em Portugal
se o teu livro estiver “bom” = bem estruturado, a conversa com o editor não é sobre a qualidade do manuscrito, mas sobre a probabilidade de venda do manuscrito, e tens de conseguir explicar de forma objetiva o porquê do teu livro vender mais de 12 cópias. Tens seguidores fiéis nas redes sociais? Tens uma grande newsletter?
se não tiveres público: participa em concursos literários, autopublica o livro, oferece-o de graça a quem o quiser, coloca esses emails numa newsletter e no próximo ano, com vários milhares de subscritores, terás público.
Não estou preocupada, de todo, com este processo.
Pensei em enviar 100 emails. Com 28, consegui 2 reuniões, o que no mercado é raro!
Quando tu enviares o teu original às editoras, pensa em chegar a 28 emails. Ou 100.