Escrever sobre a revolução francesa
Sabes aquela cena nas séries de CSI em que os detetives e a dona do apartamento chegam a casa da vitima, olham para os papeis espalhados pela casa e os post-its escritos à presa, como um cão raivoso, e a senhora pergunta:
- quando é que me posso despachar desta tralha toda?
Essa casa é a minha.
Passei a maior parte dos últimos quatro anos a investigar, a ler, e a escrever sobre a vida das mulheres durante a revolução francesa.
Foi desafiante…
A parte mais interessante é que, se tivesse morrido nesse período, uns pobres PJs iam entrar no meu quarto e entreolhar-se e perguntar-se-iam se a minha loucura tinha alguma coisa a ver com o motivo da minha morte.
Nos últimos anos visitei mais conventos do que aqueles que gostava de fazer. E sou aquela pessoa que visita os lugares e faz as perguntas mais estupidas. (sim o livro começa num convento português. Inquisição? Alguém?)
Agora que pousei o livro e comecei a pesquisar outro é que pequenas partes do processo voltam, como um mau flashback.
Aprendi algumas coisas:
1. pensa bem ANTES de começares a trabalhar
O livro teve muitos rascunhos. Nas versões anteriores o livro começava em França. Agora começa em Portugal. A mudança ajudou imenso com a pesquisa.
Eu podia ter pensado nisso antes de pesquisar sobre conventos em França. E se o livro ainda começasse em França, nunca seria vendido.
2. do nada, um livro com toda a informação de que precisas. Não desistas
Passei dois anos a pesquisar a revolução francesa quando saiu o livro “Cidadãos”, que foi enviado pelos deuses para a biblioteca municipal.
Se tivesse começado o processo mais tarde, chegaria ao mesmo sítio porque tinha um recurso bem melhor.
Às vezes o teu livro será salvo no fim do processo, mas se nunca tivesse começado, o livro não tinha ido a lado nenhum.
Começa e pronto.
3. visitar museus e palácios do século XIX é bem melhor do que pesquisar sobre o século XVIII
spoiler?