4 mentiras que me contaram sobre a indústria dos livros
+ 2 lições sobre marketing que me chocaram
Quantas vezes te deram conselhos contraditórios?
Ficam aqui 4 mentiras que outros escritores me contaram:
1. Os escritores precisam de estar inspirados para escrever uma palavra (ou pior: é normal não escrever porque não estou inspirada).
Acho que esta é mais contada por pessoas fora da indústria para quem escreve, mas é muitoooo comum.
Em novembro, eu explicava a uma amiga o que era o Nanowrimo.
E ela perguntou “e se não estiveres inspirada?”.
Eu ergui os ombros à procura que alguém lhe desse a resposta mais óbvia. O que faço quando não me quero levantar da cama?
POR FAVOR, senta-te à secretária mesmo quando não estás inspirada.
2. Ninguém ganha dinheiro com os livros
(ou mais comum, os escritores não ganham dinheiro nenhum).
De acordo com a APEL, que recorre a dados disponibilizados pela consultora GfK, no segundo trimestre de 2022 foram vendidos 2.780.308 livros, correspondendo a um encaixe de 37,4 milhões de euros.
Alguém GANHA dinheiro com os livros. Pode não ser os escritores…
Mas alguém ganha dinheiro.
É difícil dizer que os escritores ganham pouco dinheiro - porque cada escritor é diferente. Acho que podemos falar do facto de muitos dos escritores ganharem pouco dinheiro porque:
Na edição tradicional recebes entre 8% a 10% do valor do livro. 8% de pouco é sempre pouco.
Publicas uma vez por ano = apenas tens uma chance de ganhar 8% por cada lançamento do livro.
Se a editora estivesse sempre a falar do teu livro aos leitores (marketing), venderias mais, MAS eles têm muitos livros a serem lançados entre o teu lançamento e o próximo… por isso, tens que ser tu a fazer esse esforço.
Num país onde há poucos leitores e são publicados 35 livros todos os dias, as livrarias deixam de ter o teu livro em destaque.
3. Só podes publicar um livro por ano
É tradição o mercado tradicional só publicar um livro de cada autor por ano.
Ugh. Odeio este ponto.
Cada estação tem a sua tradição de publicação (por exemplo, os autores famosos, de nomes conhecidos, são sempre publicados em setembro. Os autores novos são publicados antes das férias de verão.)
O PROBLEMA desta pequena mentira é que (1) se tu só podes publicar um livro por ano e (2) se as royalties são pouquinhas, então a minha única opção para ter algum tipo de rendimento como escritora era estar o ano todo a criar novas campanhas de marketing para o meu livro.
Deves procurar novos leitores durante todo o ano, MAS para quem escreve rápido/ séries, publicar um livro por ano é muito esgotante, e aborrecido.
E se esse livro não vende bem? Pois. Ficas todo o ano à espera de uma nova chance para publicar uma história nova.
Eu escrevo rápido (quando o livro corre bem, claro).
O meu plano para ultrapassar esta mentira é claro, autopublicar outros livros de outros géneros eu própria, enquanto trabalho com uma editora tradicional (vamos cruzar os dedos para que isso aconteça). É o chamado “autor híbrido”.
4. Um livro demora um ano a ser escrito
Cada um tem o seu processo. O meu varia imenso dependendo do género do livro. Nem demoro um ano, nem oito meses, nem 16 meses. Ou são 4 meses desde da outline até à versão revista antes dos beta readers, ou são 4 anos.
Apontar o dedo a quem demora mais a escrever, ou menos tempo, é estupido. Se demorou 3 meses, é porque demorou 3 meses. Se demoras 5 anos, então são 5 anos.
2 lições sobre as pré-vendas para não esqueceres:
Os incentivos para o leitor comprar o livro na pré-venda deviam de ser coisas que tu podias vender (ou seja, exigir um pagamento), ou seja, que o leitor podia comprar/já comprou alguma vez, MAS QUE por causa da pré venda fica de graça a acompanhar o teu livro.
Marketing de influencers é melhor do que publicidade paga nas redes sociais porque na minha opinião 1, é mais barata e 2, podes reutilizar o conteúdo criado pelos influenceres para ti própria (dando crédito, claro).