Queres escrever.
Mas quando te sentas á secretária… há uma resistência muito forte ao que escreves:
vale a pena?
vai alguém gostar do que eu escrevo?
e se alguém odiar o que escrevi?
e se nunca for publicado?
Quero lembrar-te que, DURANTE A ESCRITA, não tens que te preocupar com isto.
Há um lugar para estas preocupações, e não é durante o processo de escrita.
E mesmo assim, sentamos-mos para escrever, mas nada sai.
Estou bloqueada. O writer’s block ataca e o escritor desiste e acabas no youtube. (no caso da minha colega de casa, a rever as discussões do Big Brother pelas reviews do twitter. You do you.) Mas quando é tempo para escrever, é tempo para escrever.
Por mais bloqueada que estejas, pergunta:
E se o writers block não existisse?
Pessoalmente, o meu writer’s block fantasma não ocorre durante a escrita. Com a prática do Nanowrimo durante os últimos anos, se eu precisar de mil palavras na próxima hora, eu chego lá.
Para mim, writer’s block fantasma ataca-me no “shipping”: na ideia de “entregar o teu trabalho”, de enviar aos leitores beta pelo medo do feedback, ou de “dar o trabalho como feito, acabado”.
Quando não há deadlines é dificil apresentar o meu trabalho ao público e dizer “é imperfeito, mas está aqui”.
Por isso, cada uma de nós com a nossa viagem por fazer… vamos!
Seth Godin já escreveu sobre isto:
1.Consistencia e persistencia
Bloqueio do escritor e a arte da persistencia no “dripping”
Por que ficamos presos? Porque sofremos de writer’s block fantasma?
O bloqueio do escritor foi "inventado" na década de 1940. Antes disso, não apenas não havia uma palavra para isso, quase não existia. O motivo: escrever não era algo de alto risco. Escrever era um hobby, algo que se fazia no seu tempo livre, sem esperar um lugar na lista de best-sellers.
Agora, é claro, todos somos escritores.
Colocamos nossas ideias em palavras e as compartilhamos com dezenas ou milhares de pessoas, para todo o sempre, online. Nossas palavras se espalham.
E com os riscos mais altos do que nunca, também cresce o nosso medo.
Considera a alternativa ao writer’s block fantasma: o dripping: uma torneira que vai pingando. O trabalho em pequeninos passos, consistente.
Um post, dia após dia, semana após semana, 400 vezes por ano, 4000 vezes por década.
Quando você se compromete a escrever regularmente, os riscos para cada coisa, cada livro, cada conte, que escreves, diminuem. (Se a editora não quer este livro, ok, escrevo outro/ tenho outro).
Passei uma hora relendo a coleção mágica de Gary Larson, e a incrível verdade é que nem todos os cartuns que ele fez eram brilhantes. Mas o suficiente deles foram para que ele deixasse sua marca.
Podes encontra os artigos mais popular de Seth Godin no seu blog. A sua nova coleção: Whatcha Gonna Do With That Duck, agora está disponível nas melhores livrarias online e físicas. “Eu nunca, nunca poderia ter me inscrito para escrever este livro, nunca poderia ter me sentado para criá-lo. Mas, como tive seis anos para escrevê-lo, foi criando-se.”
Tu não lanças um blog popular, ou um podcast popular. Tu constróis um, devagar.
2. Cria os teus prazos, e cumpre-os.
(eu preciso de tatoar isto na testa. pode ser que te seja util também).
Obtemos um grande benefício ao fazer um compromisso simples:
Não perder os prazos que nos demos.
O benefício é que, uma vez que concordamos com o prazo, não precisamos mais nos preocupar com isso. Não precisamos negociar, inventar desculpas ou até mesmo nos estressar com isso.
Não será lançado quando estiver perfeito.
Será lançado porque dissemos que seria.
Uma vez que isso está claro, a qualidade do que lançamos melhora significativamente. Em vez de gastar tempo e energia procurando motivos, desculpas ou negações, simplesmente fazemos o trabalho.
E com o tempo, ficamos melhores em descobrir quais prazos prometer. Porque se prometemos, entregamos.
O bloqueio do escritor é o perfeccionismo. Que é resistência. Que é medo de publicar quando chega a hora de publicar o trabalho.
E por isso, o meu livro As Filhas da Revolução vai ser publicado, o mais tardar, em maio de 2025. Seja como for.
Pronto. A promessa está feita.
3.E se fizessemos aquilo que o cerebro reptiliano não quer que façamos?
Como posso explicar a irracionalidade infinita do comportamento humano? Pergunta Seth Godin
Dizemos que queremos uma coisa, e depois fazemos outra.
Dizemos que queremos ter sucesso, mas sabotamos a entrevista de emprego. Dizemos que queremos que um produto chegue ao mercado, mas adiamos o cronograma de envio. Dizemos que queremos ser magros, mas comemos demais. Dizemos que queremos ser inteligentes, mas pulamos a aula ou não lemos aquele livro que alguém emprestou.
Queres participar no Nanowrimo, mas não designas uma hora específica para escrever. Claro, Maria, assim só fica a frustração…
As contradições não têm fim. Quando alguém aparece e age sem contradição, ficamos surpresos. Quando um atleta apenas pratica o esporte, ou quando um escritor apenas escreve as palavras, não conseguimos deixar de assistir, admirados com a pureza de suas ações. Por que é tão difícil fazer o que dizemos que vamos fazer?
O cérebro reptiliano.
Ou, como Steven Pressfield descreve, a resistência. (o writers block fantasma) ou A resistência é a voz em nossa cabeça que nos diz para recuar, ter cuidado, ir devagar, ceder.
A resistência é o bloqueio do escritor, a ansiedade de colocar em prática e todos os projetos. A ansiedade de mostrar o nosso trabalho (que eu ainda sinto, tipo, sempre).
A resistência cresce em força à medida que nos aproximamos do envio, ao mergulharmos em projetos
Isso porque o cérebro reptiliano odeia mudanças, conquistas e riscos.
Odeia coisas que nunca fizeste.
Odeias coisas que podem correr mal.
Odeia imprevistos.
Odeia a arte: onde nada é garantido.
O cérebro reptiliano é uma parte física do seu cérebro, o aglomerado pré-histórico próximo ao tronco cerebral que é responsável pelo medo, raiva e instinto reprodutivo.
Quer saber por que tantas empresas não conseguem acompanhar a Apple? Porque cedem, têm reuniões, trabalham para se encaixar, temem os críticos e geralmente trabalham para apaziguar o cérebro reptiliano. Lançamentos atrasados, produtos medianos e a racionalização que os acompanha são sintomas do cérebro reptiliano.
A amígdala não vai embora. O teu cérebro reptiliano está aqui para ficar, e o teu trabalho é descobrir como acalmá-lo e ignorá-lo. Ou melhor,
E se em vez de ignorar-mos o reptil, caminhássemos em direção ao precipício?
E se fizessemos o incerto, e nos dedicassemos a coisas novas, que podem (e vão) correr mal?
E se fizessemos aquilo que o cerebro reptiliano não quer que façamos?
Estou na cabeça de um novo projeto criativo (que pode correr muitoooo mal).
E agora tenho a bagagem desconhecida sobre o que é estar à cabeça de alguma coisa: há ansiedade multiplicada por dez….
Cheguei a um ponto em que queria desistir, mesmo antes de qualquer coisa correr mal.
E depois pensei que era a resistência a falar.
E que problemas novos são coisa boa.
E se fizessemos aquilo que o cerebro reptiliano não quer que façamos?
E se fizessemos aquilo que o cerebro reptiliano não quer que façamos TODOS OS DIAS?
E se PROMETERMOS FAZER aquilo que o cerebro reptiliano não quer que façamos COM UM PRAZO QUE VAIS CUMPRIR?
Wow.